Adiamento da rastreabilidade bovina no Pará pode abrir precedente para extinção do Sisbov, avalia especialista

O Governo do Pará anunciou que vai adiar o início da rastreabilidade bovina para 2031. O anúncio foi feito na última semana por meio de um decreto assinado pelo Governador, Helder Barbalho. O estado seria até então o primeiro a exigir esse tipo de controle, que deveria entrar em vigor a partir de janeiro de 2026. Especialistas receberam bem a notícia e defendem que o modelo de identificação deve ser mais simples e acessível.

Para Valmir Rodrigues, médico veterinário e CEO da MyTS, plataforma de gestão de rastreabilidade da cadeia de alimentos, a decisão confirma um alerta que o mercado já vinha fazendo: não é sustentável impor ao produtor um sistema caro, complexo e sem qualquer garantia de remuneração adicional. Segundo Rodrigues, a medida adotada pelo governador “foi coerente, porque respeita o produtor e evita repetir um modelo burocrático e pouco efetivo”.

Ele reforça que a própria dinâmica do setor demonstra a falta de demanda real do mercado para justificar a obrigatoriedade da rastreabilidade individual neste momento. Para ele, o mesmo princípio de racionalidade poderia e deveria orientar a extinção do Sisbov, substituindo-o por um modelo de rastreabilidade por propriedade.

Esse formato, afirma, seria “mais simples, justo e alinhado à realidade do campo”, além de garantir mais adesão e efetividade sem sobrecarregar os produtores. Com o adiamento, o estado abre espaço para que governo, cadeia produtiva e indústria possam encontrar formas mais equilibradas de avançar na rastreabilidade, preservando a competitividade do setor e construindo soluções realmente viáveis para todos os elos da pecuária brasileira.